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TOQUE EM JESUS


"TOQUE EM JESUS"

Artigo publicado na REVISTA CULTURA ESPÍRITA do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, Ano II, n. 15, Junho de 2010.


Autor: Fabiano Pereira Nunes

Afirmam os estudiosos que a postura de Jesus, face às determinações das leis hebraicas vigentes na Província da Judéia, trazia grande indignação nas autoridades do Templo de Jerusalém, as quais constituíam a Corte Suprema do povo Hebreu. Sob determinado ponto de vista, as ações do Carpinteiro de Nazaré sublevavam as Leis Mosaicas.

O livro de Moisés, Levítico1, definia – especialmente em seus capítulos 11 a 15 - quais as condições que tornariam um hebreu “imundo”, isto é, “impuro”, bem como as sanções aplicáveis nesses casos. Destarte, muitas condições de “imundice” tornavam expressamente proibitivo qualquer tipo de contato físico com as pessoas “limpas” ou puras, como por exemplo: "Se alguém, sem se aperceber tocar a imundícia de um homem, seja qual for a imundícia com que este se tornar imundo, quando o souber será culpado", Levítico 5:3; "Também aquele que tocar na carne do que tem o fluxo[sangue], lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde", Levítico 15:7; "Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o fluxo na sua carne for sangue, ficará na sua impureza por sete dias, e qualquer que nela tocar será imundo até a tarde", Levítico 15:19.

Aqueles que se tornassem “imundos”, deveriam cumprir regras de purificação, ou como no caso dos leprosos, serem afastados do convívio social, tendo seus pertences e residências queimados.

Na tradição das leis vigorantes ao tempo de Jesus, seria totalmente inaceitável que as pessoas “imundas” tocassem um Rabi – representante da pureza no sentido mais profundo da crença religiosa – culminando os casos mais graves à pena de morte para os que assim a infringissem.

Todas as leis são passíveis de interpretação, e Jesus trazia a verdadeira exegese das Escrituras Sagradas.

Por tal razão, fora confundido como um subversivo das leis, quando - em verdade - delas era o fiel cumpridor e o mais perfeito intérprete.

Contrariando os preceitos ortodoxos da época, o Rabi do Amor era grandemente tocado pelos portadores de condições para a “impureza”, visto que eram justamente os “imundos” os maiores necessitados de seu toque afetuoso1: "E toda a multidão procurava tocar-lhe; porque saía dele poder que curava a todos”, Lucas 6:19; "Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem, Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder", Lucas, 8:45-6.

Não por acaso era chamado pelo povo de Rabboni, que significa meu Mestre Superior2.

Consentâneo, uma das mais comuns manifestações de sentimentos é o toque físico.

Em pesquisa3 publicada na revista Nature Neuroscience, cientistas afirmaram que o toque caricioso possui propriedades terapêuticas. Ele aciona receptores táteis na pele, deflagram sinais elétricos que percorrem as redes neurais, e informam o cérebro de que nossa pele está sendo acariciada. Tal transmissão ocorre em fibras neurais especializadas. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e pode explicar por que o toque carinhoso consegue diminuir a intensidade da dor física. Por intermédio de uma técnica conhecida como microneurografia, os pesquisadores “seguiram” esses impulsos no braço de voluntários até os centros cerebrais relacionados ao prazer, e observaram também que, quanto maior sua freqüência – proporcional à intensidade do afago –, maior a sensação de prazer relatada pelos participantes. Admirável, essas fibras especializadas, uma vez estimuladas, são capazes de atenuar sinais dolorosos originados em outras partes do corpo.

De forma cativante, Jesus não apenas era largamente tocado, como também com grande generosidade afagava aos intocáveis “imundos”, quase que continuamente1: "Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo, - Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra", Mateus 8:3; "E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia", Mateus, 8:15; "E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram", Mateus, 20:34; "Responderam-lhe os seus discípulos,- Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou?", Marcos, 5:31; "Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe na língua", Marcos, 7:33; "Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante desapareceu dele a lepra", Lucas, 5:13.

É preciso desconstruir o nosso modelo mental de um Cristo distante, inacessível, puro demais para ser tocado. Jesus se fez “homem” justamente para aproximar-se de nós, ser imitado, e, sobretudo, ser tocado por nós.

Em nosso intercâmbio íntimo com o Rabboni, seja pela prece, seja pelo trabalho na caridade, sintamo-nos encorajados em tocá-Lo, afagá-Lo, abraçá-Lo, posto que Ele assim o deseja, e de igual modo sempre retribuir-nos-á com Seu abraço reconfortante, e seu afago donde esparzi “grande poder que cura a todos”.

1. A Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

2. Oliveira, Therezinha. Estudos Espíritas do Evangelho. 6a Edição. Campinas, SP: Editora Allan Kardec, 2005. P. 154.

3. Toque afetivo ajuda a diminuir a dor física. Revista Mente e Cérebro, Ano XX, n 198, p. 22. Disponível na URL http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/toque_afetivo_ajuda_a_diminuir_a_dor_fisica.html.



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