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AUTOPERCEPÇÃO (Artigo)
AUTOPERCEPÇÃO
Autor Fabiano
Pereira Nunes
Artigo publicado na REVISTA CULTURA ESPÍRITA, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, ano V, n 55. Outubro de 2013, p.15.
Quase de forma
consensual, percebe a sociedade que o ritmo da vida moderna, em velocidade
vertiginosa, produz grandes dificuldades para a formação de vínculos produtivos
nas diversas relações interpessoais e sociais.
Não apenas a
quantidade de tempo dedicada à “vida interior”, mas também a qualidade desse
tempo, tem sido apontadas como fatores causais de relevante peso nos processos
de distanciamento afetivo entre as pessoas, mesmo dentro do lar.
Por conseguinte,
faz-se necessário que os indivíduos se esforcem para tomar consciência dessa
problemática, e busquem caminhos alternativos, com o fito de lograr uma vida
com mais qualidade.
Em tal
perspectiva, o desenvolvimento das qualidades morais e emocionais se nos apresentam
com singular importância. Identificamos, nesse sentido, na autopercepção uma
poderosa alavanca para o aprimoramento.
Define-se a
autopercepção (1) como uma capacidade de perceber e compreender o próprio
estado de espírito, emoções, impulsos, bem como seus efeitos nas outras
pessoas.
Valiosa
competência emocional, o constante reconhecimento do próprio estado de espírito
permite que identifiquemos os próprios sentimentos, e seus impactos nas
relações com familiares, amigos e com os diversos segmentos sociais.
E para a melhor
compreensão do valor da autopercepção faz-se, invariavelmente, útil apreender
nos ensinos de Jesus, e na interpretação Kardeciana desses ensinos, as mais
robustas referências.
Encontraremos
descrito no Quarto Evangelho, o chamado Evangelho segundo João (2), o anúncio
da traição de Judas, onde Jesus, antes de declarar que seria traído, perturbou-se
interiormente e afirmou que seria um dentre os discípulos que o faria. Simão
Pedro, através de um gesto, pede ao “discípulo amado” que pergunte ao
Senhor quem seria esse traidor.
Como seria
natural acontecer, o estado de perturbação interior e o anúncio da traição
causaram grave impacto nos amigos e familiares de Jesus, reunidos em mais uma
celebração Judaica: a Páscoa.
Nada obstante,
Jesus – numa impressionante exemplificação de autopercepção e redirecionamento
emocional – revertera toda a disposição emocional negativa que sucedera,
através de Suas atitudes transbordantes de amizade, lealdade e afeto, mais
ainda, através de Seus discursos altamente positivos e otimistas:
“Cesse de perturbar-se o vosso coração!
Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se
não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu
me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a
fim de que, onde eu estiver, estejais vós também”(3).
Admiráveis
palavras, impregnadas de compaixão e empatia.
Allan Kardec,
demonstrando sua ímpar qualidade de educador, em O Livro dos Espíritos (4) nos
elucida - de forma pragmática - sobre o
desenvolvimento da percepção com vistas ao adiantamento moral e intelectual.
Dando publicidade à instrução do espírito Agostinho de Hipona, onde esse
expoente da Codificação oferece seu método pessoal de reforma íntima, o
Codificador do Espiritismo apresenta à humanidade uma forma prática e segura
para que ela percorra a senda do crescimento. Instrui o espírito Agostinho:
[...] “Fazei o que eu mesmo fazia, quando vivi na
Terra: no final do dia, interrogava minha consciência, passava em revista o que
tinha feito e me perguntava se não havia faltado a algum dever, se ninguém
tivera motivo de se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e a
ver, em mim, o que precisava de reforma. Aquele que, todas as noites,
relembrasse todas as suas ações do dia e se perguntasse o que fez de bem ou de
mal, rogando a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, adquiriria uma
grande força para se aperfeiçoar, pois, crede-me, Deus o assistiria. Perguntai,
portanto, a vós mesmos e interrogai-vos sobre o que tendes feito, e com que
objetivo agistes em tal circunstância; se fizestes alguma coisa que
censuraríeis, da parte de outrem; se praticastes uma ação que não ousaríeis
confessar. Perguntai ainda isto: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento,
teria eu que temer o olhar de alguém, ao retornar ao mundo dos Espíritos, onde
nada fica oculto? Examinai o que podeis ter praticado contra Deus, depois,
contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas serão um
repouso para vossa consciência ou a indicação de um mal que precisa ser curado.”
[...]
Portanto, a
despeito do ritmo alucinante da vida hodierna, dediquemos tempo à “vida
interior” e façamos o exercício recomendado por Agostinho-espírito em O Livro
dos Espíritos, para que não nos distanciemos das pessoas, sobretudo dentro do nosso
lar.
Diante desse
desiderato, desenvolvamos a autopercepção como poderosa alavanca para colimarmos
as melhores qualidades morais e emocionais, necessárias à vida pessoal e social
com real qualidade.
REFERÊNCIAS
(1)
GOLEMAN,
Daniel. Trabalhando com a Inteligência Emocional. Tradução M H C
Cortês. Editora Objetiva, Rio de Janeiro: 1999. p.63-86.
(2) BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Nova edição rev. e ampl. São Paulo:
Paulus, 2002. 3 a. Impressão: 2004. O Evangelho Segundo João, Cap.
13, versículos 21 e 22. p. 1878.
(3) Idem.
Ibidem. Evangelho
Segundo João, Cap. 14, versículos 1 ao 3. p. 1879.
(4) KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos.
Tradução de Maria Lúcia Alcantara de Carvalho. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Leon
Denis Gráfica e Editora, 2011. Parte Terceira, capítulo XII, Conhecimento de si
mesmo, Q. 919. p.416-18.
Algumas reflexões sobre a EQM - Experiência de Quase Morte
Estudos de Sábado no Grupo Espírita / Fabiano Nunes
Seminário no GEYP: Allan Kardec, O Apóstolo da Verdade
Bebei na fonte viva do amor, e
preparai-vos, cativos da vida, para um dia vos lançardes, livres e felizes, no
seio daquele que vos criou frágeis, para vos tornar perfectíveis, e deseja que
modeleis, vós mesmos, a vossa própria argila, a fim de serdes os artesãos da
vossa imortalidade.” O Evangelho Segundo O
Espiritismo, cap. VI, item 6.
ATOS dos Apóstolo (cap. 16:16-8): a cura de uma jovem pitonisa
ATOS DOS APÓSTOLOS – CAPÍTULO 16 - Prisão de Paulo e
Silas
16 Certo dia, quando íamos para o lugar de oração,
veio ao nosso encontro uma jovem escrava que tinha um espírito de adivinhação
(literal: um espírito pitônico); ela obtinha para seus amos muito lucro, por
seus oráculos.
17
Começou a seguir-nos, a Paulo e a nós, clamando: "Estes homens são servos
do Deus altíssimo, que vos anunciam o caminho da salvação". 18 Isto ela o
fez por vários dias.
Fatigado
com aquilo, Paulo voltou-se para o espírito, dizendo: "Em nome de Jesus
Cristo, eu te ordeno que te retires dela!" E na mesma hora o espírito
saiu.
19
Vendo seus amos que findara a esperança de seus lucros, agarraram Paulo e Silas
e os arrastaram à ágora, à
presença dos magistrados. 20 Apresentando-os aos estrategos, disseram: "Estes homens estão perturbando nossa
cidade. São judeus, 21e propagam costumes que não nos é lícito acolher nem
praticar, pois somos romanos".
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Artigo: "MOSTRAI-ME UM DENÁRIO "
MOSTRAI-ME
UM DENÁRIO
Artigo
publicado na REVISTA CULTURA ESPÍRITA, do Instituto de Cultura Espírita do
Brasil, ano V, n 53, agosto de 2013, p. 15.
Autor
Fabiano Pereira Nunes
"Mostrai-me
um denário. De quem traz a imagem e a inscrição?" Responderam: "De
César". Ele disse então: "Devolvei, pois, o que é de César
a César, e o que é de Deus a Deus". JESUS (Lucas 20: 25-5)
Para insignes estudiosos a notável
comunicabilidade de Jesus se constitui numa das mais atraentes matérias de
pesquisas. Professor carismático, Seus ensinos atravessaram os séculos com
espantosa aplicabilidade e pragmatismo. E dentre os recursos que Jesus - com genialidade
– aplicara, a arte de contar histórias se nos destaca em importância.
Através de belas e simples parábolas,
Jesus discutia os problemas cotidianos da vida na Judeia, sempre adequando o
diálogo ao nível sócio-cultural dos ouvintes, para que fossem muito bem
apreendidas, e dessa forma o Mestre - de forma apaixonante - desenvolvia as
inteligências nas artes de pensar e de viver, e ao mesmo tempo, desveladava as Leis
Morais que o espiritismo possibilitou a integral compreensão.
O impacto das parábolas na alma
desses ouvintes foi tão significativo que essas histórias foram recordadas com
sutilezas e precisão de informações mais de seis décadas depois, no período em
que os Evangelhos começaram a ser escritos.
Allan
Kardec, codinome do notável cientista e pedagogo francês H L D Rivail, que
recebeu do próprio Espírito da Verdade a missão de promover o advento do
Consolador na Terra, elucida que “para se
compreender melhor algumas passagens dos Evangelhos é necessário conhecer o
valor de certas palavras, que neles são empregadas frequentemente e que
caracterizam a situação da sociedade judaica e dos costumes naquela época. Essas
palavras, não tendo mais, para nós, o mesmo sentido, muitas vezes foram mal
interpretadas e, por isso mesmo, criaram muitas dúvidas. A compreensão do seu
significado explica, além disso, o verdadeiro sentido de certas máximas que, à
primeira vista, parecem estranhas”.(1)
Nesse sentido se faz oportuno
conhecer alguns dos dinheiros da época histórica de Jesus, com o fito de bem entender
o sentido de algumas mensagens ensinadas por parábolas. (2)
DENÁRIO: moeda
romana de prata, seria a unidade básica de pagamento romano por um dia de
trabalho. Teria dado origem a palavra “dinheiro”. Citada na “Parábola
dos trabalhadores da vinha” (Mateus 20:1-2) — “Porque o Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu de
manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Depois de combinar
com os trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a vinha”.
DRACMA: moeda grega
de prata, cujo valor seria equivalente a 1 denário. É o caso da “dracma perdida” (Lucas
15:8) — “Ou qual a mulher que,
tendo dez dracmas e perder uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e procura
cuidadosamente até encontrá-la?”.
CEITIL ou ASSE: moeda
romana de cobre, cujo valor seria equivalente a 1/16 do denário. Citada em “A nova justiça é superior à antiga” (Mateus 5:26)
— “Em verdade te digo:
dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.
QUADRANTE: Moeda
romana de cobre, cujo valor equivaleria a 1/64 do denário. Aparece em “A Esmola da Viúva Pobre” (Marcos 12:42) — “Vindo uma pobre viúva, lançou duas
moedinhas, isto é, um quadrante”.
ESTÁTER: moeda
grega de prata, cujo valor equivaleria a 4 denários. Citada em “O tributo para o Templo pago por Jesus e por Pedro”
(Mateus 17:27) — “Mas, para que não os
escandalizemos, vai ao mar e joga o anzol. O primeiro peixe que subir, segura-o
e abre-lhe a boca. Acharás aí um estáter. Pega-o e entrega-o a eles por mim e
por ti".
MINA: peça grega
de ouro, cujo valor seria equivalente a 100 denários. Narrada na célebre “Parábola das dez Minas” (Lucas 19:13) — “Chamando dez
de seus servos, deu-lhes dez minas e disse-lhes: 'Fazei-as render até que eu
volte”.
TALENTO: peça em
barra de ouro, cujo valor equivaleria a 6.000 denários. Consagrada na “Parábola dos talentos” (Mateus
25:14-15) — “Pois será como um
homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e
entregou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um.
A cada um de acordo com a sua capacidade”.
Essas breves pinceladas são alguns
exemplos que nos auxiliam a formar o quadro da importância de estudarmos os
costumes e o caráter dos povos do tempo de Jesus, pelo muito que influem sobre
o conhecimento particular de seus idiomas, haja vista que sem essas informações
nos escapará o sentido verdadeiro de certos ensinos de Jesus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1)
KARDEC,
Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina
Escudeiro Sêco. 5. Ed., Rio de Janeiro, Leon Denis Gráfica e Editora: 2010.
Introdução, item III. p. 32.
(2)
A Bíblia Sagrada, Edição Comemorativa. Traduzida
em português por João Ferreira de Almeida. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1993. Auxílios para o leitor, p. 38-9.
"Quem foi Madalena?" - Estudo Espírita e Histórico com Fabiano Nunes
A "Maria Madalena Histórica" foi a discípula e apóstola de Jesus, cuja liderança poderosa foi combatida e rivalizada por muitas comunidades paleocristãs. Não existem referências históricas e evangélicas ligando a mulher que ungiu os pés de Jesus, na casa de Simão Fariseu, e Madalena. Contudo, no ano de 591, o PAPA GREGÓRIO MAGNO I impõe uma versão sobre Maria Madalena: ele a transforma em prostituta arrependida. Não obstante inexistir qualquer tipo de sustentação bíblica para isso Gregório Magno reuniu, como se fosse uma só história, dois diferentes relatos lucanos (Lc 7:36-50, 8:2).
Assista ao estudo "Quem foi Madalena?", com Fabiano Nunes.
Assista ao estudo "Quem foi Madalena?", com Fabiano Nunes.
E depois, dê continuidade às reflexões, assistindo ao seguinte documentário:
Palestra no Grupo Espírita F. Francisco de Assis - 3 de agosto 2013
Não vim destruir a Lei: Jesus e Moisés estariam em antagonismo?
Bíblia de Jerusalém - Evangelho segundo Mateus
5 O cumprimento da Lei — (17)Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, 18porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. 19Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus.
Sefer Matitiyahu
5 17 Não penseis que vim abolir a Torá ou os profetas; não vim para abolir, mas para torná-los plenos.
Para baixar os slides apresentados nessa palestra clique AQUI NESTE LINK
E para fazer o download desse estudo CLIQUE AQUI
Bíblia de Jerusalém - Evangelho segundo Mateus
5 O cumprimento da Lei — (17)Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, 18porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. 19Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus.
Sefer Matitiyahu
5 17 Não penseis que vim abolir a Torá ou os profetas; não vim para abolir, mas para torná-los plenos.
Para baixar os slides apresentados nessa palestra clique AQUI NESTE LINK
E para fazer o download desse estudo CLIQUE AQUI
Para entender Allan Kardec, discípulo de Pestalozzi
Cinebiografia
do educador suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746 - 1827), um dos pioneiros da
pedagogia moderna. Selecionado para o Festival de Cinema de Berlim, este drama
tem como destaque a grande atuação do consagrado Gian Maria Volontè (A Classe
Operária vai ao Paraíso) no papel-título. Edição Especial com vários vídeos
extras sobre o legado de Pestalozzi e sua importância como educador do filósofo
francês Allan Kardec (1804-1869), o Codificador da Doutrina Espírita. O filme
focaliza um período crítico no desenvolvimento das teorias educacionais de
Pestalozzi, quando o educador dirigia um internato para crianças pobres de um
vilarejo na parte francesa da Suíça.
FILHOS REBELDES (AUTOR FABIANO PEREIRA NUNES)
FILHOS REBELDES (AUTOR FABIANO PEREIRA NUNES)
Artigo publicado na REVISTA CULTURA ESPÍRTA, do Instituto de
Cultura Espírita do Brasil, junho de 2013.
O desafio da corrigenda dos
filhos desajustados sempre se apresentou como preocupação para os progenitores,
desde a antiguidade.
Na cultura Judaica ancestral
a questão, do mesmo modo, causava notáveis apreensões. Observaremos no quinto
livro do Torá, o Deuteronômio - que segundo a tradição judaico-cristã foi
promulgado pelo profeta Moisés no fim da jornada Hebreia no deserto - uma
prescrição legal deliberando a punição dos filhos inobedientes e corrompidos.
Assim determinava a Lei
Mosaica (1):
“Se alguém tiver um filho
rebelde e indócil, que não obedece ao pai e à mãe e não os ouve mesmo quando o
corrigem, o pai e a mãe o pegarão e levarão aos anciãos da cidade, à porta do
lugar, e dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e indócil, não
nos obedece, é devasso e beberrão." E todos os homens da cidade o
apedrejarão até que morra. Deste modo extirparás o mal do teu meio, e todo
Israel ouvirá e ficará com medo”.
Nada obstante a inequívoca
posição de Jesus como membro da Sociedade Judaica de Seu tempo, os mais
notáveis pesquisadores, das modernas ciências históricas, no-Lo tem apresentado
como um contestador e renovador das leis Judias. Sobre isso Allan Kardec, o
Apóstolo fiel e incansável de O Espírito de Verdade, desde há largo tempo já havia,
brilhantemente, aclarado a questão:
“Há duas partes distintas na
lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o Monte Sinai, e a lei civil ou
disciplinar estabelecida por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos
costumes e ao caráter do povo, modifica-se com o passar do tempo. A Lei de Deus
está formulada nos dez mandamentos [...] [...] Essa lei é de todos os tempos e
de todos os países e, por isso mesmo, tem um caráter divino. Todas as outras
são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a conter, pelo temor, um povo
naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha que combater os abusos
e os preconceitos enraizados, adquiridos durante a escravidão no Egito. Para
dar autoridade às suas leis ele teve que lhes atribuir uma origem divina, assim
como o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos”. (2)
“A moral ensinada por Moisés
era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos a quem
ela estava destinada a regenerar. Esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento
da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus sem a realização
de holocaustos, nem que fosse preciso perdoar a um inimigo”. (3)
“Quanto às leis de Moisés,
propriamente ditas, Ele (Jesus), ao contrário, as modificou profundamente, quer
na substancia, quer na forma. Combatendo constantemente o abuso das práticas
exteriores e as falsas interpretações, por mais radical reforma não podia
fazê-las passar, do que as reduzindo a esta única prescrição: ‘Amar a Deus
acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo’, e acrescentando: aí
estão a lei toda e os profetas”. (4)
Por conseguinte, face às
luzes oferecidas pelas ciências e pelo Codificador do Espiritismo, torna-se
melhor compreensível não apenas a prescrição mosaica que diz respeito ao
corretivo dos filhos desregrados, como também os ensinos de Jesus que,
audaciosamente, refutam a Torá. Revolucionando o conceito de se apedrejar até a
morte os filhos ignominiosos, Jesus promoveu uma nova abordagem, combinando
disciplina com compaixão, autoridade com comiseração, inconivência com piedade.
Nesse sentido, com o fito de
criar imagens mentais com exemplos inconfundíveis, O Mestre contou histórias
com cores muito vivas, narrando parábolas inesquecíveis, como as três
“Parábolas da Misericórdia” (5), cuja culminância é a Parábola do Filho Perdido
e do Filho Fiel, ou do Filho Pródigo, onde o pai de família não é conivente com
o erro, no entanto, recebe o filho sinceramente arrependido com o mais
comovente amor paternal.
Por essa razão urge não nos
esquecermos, também, da nossa condição de filhos rebeldes do Criador, que
igualmente precisam dos corretivos das provas e expiações, através das vidas
sucessivas, anelando as conquistas morais que logram o encontro com as bênçãos
do Doador da Vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANTIGO TESTAMENTO. Bíblia
de Jerusalém. Português. Nova edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus, 2002.
Deuteronômio, cap. 21, ver. 18-21, p. 284.
2.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina
Escudeiro Sêco. 5. Ed., Rio de Janeiro, Leon Denis Gráfica e Editora: 2010.
Cap. I, item 2. p. 51-3.
3.
Idem. Ibidem. Cap. I, item 9. p. 57.
4.
Idem. Ibidem. Cap. I, item 3. p. 53.
5. NOVO TESTAMENTO. Bíblia de
Jerusalém. Português. Nova edição rev. e ampl. São Paulo: Paulus, 2002.
Evangelho segundo Lucas, cap. 15, ver. 1-32, p. 1816-7.
Artigo: O ESPIRITISMO E O JESUS HISTÓRICO (Autor Fabiano Pereira Nunes)
O
ESPIRITISMO E O JESUS HISTÓRICO (Autor Fabiano Pereira Nunes)
Artigo publicado na REVISTA CULTURA ESPÍRITA, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, ano V, abril de 2013, ano 48, p.15.
“Não esqueçais que o objetivo essencial, exclusivo, do Espiritismo, é o vosso melhoramento e é para o alcançardes que é permitido aos Espíritos iniciar-vos na vida futura, oferecendo-vos exemplos de que podeis aproveitar.” Allan Kardec. (1)
Dentre os inumeráveis esforços em
dividir, para fins de estudo, as matérias contidas nos Evangelhos do Novo
Testamento, um se nos apresenta com ímpar qualidade didática: àquele oferecido
por Allan Kardec, na introdução de O
Evangelho Segundo o Espiritismo (2).
O Apóstolo
Lionês de O Espírito de Verdade
elucida-nos que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em
cinco partes: os milagres; as
predições; as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da
Igreja; o ensinamento moral; e os atos comuns da vida do Cristo. Tais conjuntos
são - numa extraordinária combinação de coragem, inteligência e inspiração –
interpretados, e encontrados permeando todas as obras publicadas pelo
Codificador do Espiritismo. Conquanto, para fins didáticos, poder-se-ia
atribuir uma obra Kardeciana para o estudo de cada divisão.
- Os milagres de Jesus: são
analisados e elucidados na obra “A Gênese, Os Milagres e as Predições Segundo o
Espiritismo”;
- As predições ou profecias dos evangelhos:
interpretadas e explicadas na obra “A Gênese, Os Milagres e as Predições
Segundo o Espiritismo”;
- As palavras que serviram para o
estabelecimento dos dogmas da Igreja: criticadas e esclarecidas na obra “O Céu
e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”;
- O ensinamento moral: desenvolvido no livro “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”;
- Os atos comuns da vida do Cristo: não por
acaso, Allan Kardec não desenvolveu os aspectos históricos e historiográficos
da vida de Jesus de Nazaré, em nenhuma de suas obras.
Diante dessa lacuna, seria natural questionar se os
espíritos não poderiam trazer comunicações espirituais que possibilitassem o
acesso aos fatos históricos, oferecendo as peças que faltam à compreensão do chamado
“Jesus Histórico”.
O professor HLD Rivail/Allan Kardec, pedagogo
laureado pelas principais academias de ciências da sua época, foi sempre
enfático ao enunciar não ser objetivo essencial do espiritismo concorrer com as
ciências, abrangendo as ciências históricas, cabendo à própria Ciência desvelar
os fatos históricos da vida do Cristo. Muito ao contrário, o Enviado fiel de O
Espírito de Verdade sempre apregoou que fossem rejeitadas as comunicações
espirituais que estivessem em contradição com os dados positivos da Ciência
(3), relativos aos avanços de cada época.
E para dirimir quaisquer
dúvidas sobre o fim precípuo do espiritismo face às ciências, o Codificador postulou
diretrizes seguras, como, por exemplo:
“Os bons
espíritos vêm nos instruir tendo em vista o nosso melhoramento e o nosso
progresso, e não para nos revelar o que
ainda não devemos saber, ou o que devemos aprender com o nosso esforço.
Se fosse suficiente interrogar os espíritos para obter a solução de todas as
dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas,
todo ignorante poderia se tornar sábio a um preço muito baixo e todo preguiçoso
poderia enriquecer sem trabalho; é o que Deus não quer que aconteça. Os
espíritos ajudam o homem de talento pela inspiração oculta, mas não o isentam
do trabalho nem das pesquisas a fim de lhe deixar o mérito” (4).
“Os espíritos não vêm para livrar o homem do trabalho, do estudo e
das pesquisas; eles não lhe fornecem nenhuma ciência inteiramente pronta, e o
que o homem pode descobrir por si mesmo, eles deixam entregue às suas próprias
forças” (5).
“Os Espíritos podem guiar os homens nas pesquisas científicas e nas descobertas?
A Ciência é obra do gênio; só deve ser adquirida pelo trabalho, pois é somente
pelo trabalho que o homem se adianta no seu caminho. Que mérito teria, se
apenas precisasse interrogar os Espíritos para saber tudo? A esse preço,
qualquer imbecil poderia tornar-se sábio. O mesmo se dá com as invenções e
descobertas da indústria. Depois, uma outra consideração, é que cada coisa deve
vir a seu tempo e, quando as ideias estão maduras para recebê-la; se o homem
tivesse este poder, subverteria a ordem das coisas, fazendo que aparecessem os
frutos, antes da estação própria. Deus disse ao homem: tirarás teu alimento da
terra, com o suor de teu rosto; admirável figura que pinta a condição em que
ele, aqui, se encontra; ele deve progredir em tudo, pelo esforço do trabalho;
se lhe dessem as coisas inteiramente prontas, de que lhe serviria sua inteligência?
Seria como o estudante, cujo dever, um outro fizesse” (6).
Diante das alocuções – lógicas, lúcidas e
insofismáveis – do mestre Allan Kardec, reflitamos sobre as notícias ditas históricas,
apresentadas na literatura mediúnica. Que sejam consideradas como
probabilidades ou hipóteses (7), se forem extremamente lógicas e concordantes
com os dados estabelecidos pelas Ciências Históricas, a fim de não nos
distanciarmos daquilo que é o objetivo essencial e exclusivo do espiritismo (1):
o progresso moral da humanidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1)
KARDEC, Allan: “Perguntas
sobre a destinação dos Espíritos”. O Livro dos Médiuns. Tradução
de Maria Lúcia Alcantara de Carvalho. 1ª Ed., Rio de Janeiro: Leon Denis
Gráfica e Editora, 2010. Segunda parte, Capítulo XXVI, Item 22. p. 364.
(2)
Idem. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro
Sêco. 5. Ed., Rio de Janeiro, Leon Denis Gráfica e Editora: 2010, Introdução,
item 1. p. 19-22.
(3) Idem: “Segunda Carta ao Padre
Marouzeau”. Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos. Ano VI, Setembro de 1863. Tradução
de Evandro Noleto Bezerra. 3. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 377.
(4)
Idem: “Objetivo Providencial das Manifestações Espíritas”. O que é o Espiritismo. Tradução
de Albertina Escudeiro Seco. 3. Ed., Rio de Janeiro: Leon Denis Gráfica e
Editora, 2010. Capítulo II, Item 50. p. 163
(5) Idem: “Fundamentos da Revelação Espírita”. A Gênese. Os Milagres e As Predições
Segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 2ª Ed.,
Rio de Janeiro, Leon Denis Gráfica e Editora: 2008. Cap. I, item 60. p. 58.
(6) Idem:
“294. Perguntas Sobre as Invenções e Descobertas”. O Livro dos Médiuns. Tradução de Maria Lúcia Alcantara
de Carvalho. 1ª Ed., Rio de Janeiro: Leon Denis Gráfica e Editora, 2010.
Segunda parte, Capítulo XXVI, Itens 28 e 29. p. 366-367.
(7) Idem: “Exame crítico das dissertações de Charlet sobre os animais –
Observação Geral”.
Revista
Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos. Ano III, Julho de 1860. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2.
Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. p. 331.
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ENCICLOPÉDIA DA BÍBLIA, organizada por John Drane
Caros amigos.
Gostaria de recomendar a excelente Enciclopédia da Bíblia, organizada por John Drane, que poderá ser encontrada nas grandes livrarias, como as Livraria Saraiva e da Travessa, por exemplo.
No entanto, vocês poderão Consultar e ler a Enciclopédia da Bíblia aqui mesmo no blog!
A imagem abaixo não é apenas uma figura, mas sim uma janela para acessar essaa Enciclopédia, que está hospedada no "Google Livros".
Bastar clicar na barra de rolagem ("setinhas") da figura abaixo, e as páginas do livro se abrirão para leitura.
Caso a janela apareça "em branco", clique em "conteúdo", no topo dessa figura, e a enciclopédia será carregada no blog novamente.
Bons estudos, fraternal abraço, Fabiano
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